Nem todo desvio é erro. Às vezes, é expansão.
- Daniela Cittadin 
- 30 de jul.
- 3 min de leitura
O que parecia incomum, era só um outro jeito de enxergar.
Você está tentando redesenhar algo que parece simples – mas o plano não decola.
A equipe não responde como o esperado.
A mudança não se consolida.
Será que o problema está no desenho?
Ou será que ele ignora o comportamento de quem vai vivê-lo?
Essa pergunta passou a orientar nosso trabalho na Uttana.
E, olhando para trás, percebemos que ela nasceu de um incômodo que nos acompanhou desde a faculdade — mesmo em caminhos diferentes.
O que poucas pessoas pareciam notar nos sistemas “perfeitos”
Curiosamente, eu e a Renata fizemos cursos de engenharia diferentes, em universidades diferentes, atuando em contextos distintos.
Mesmo assim, escutamos a mesma frase mais de uma vez, em momentos diferentes:
“Você é humana demais.”
Embora estivéssemos também envolvidas com os aspectos técnicos, havia algo mais que chamava nossa atenção:
- Quem vai operar esse sistema? 
- Essas pessoas entendem o porquê das decisões? 
- Será que têm sugestões que nunca foram ouvidas? 
Na época, esse tipo de pergunta parecia deslocada.
Por um tempo, achamos que isso era inadequação.
Mas, com o tempo, percebemos: era apenas um outro tipo de perspectiva.
Uma lente que ainda não tinha nome — ou, melhor, que nós ainda não conhecíamos.
Quando o comportamento escapa ao processo
Falo agora a partir de uma vivência pessoal.
No início da minha carreira, trabalhei em uma fábrica reconhecida pela excelência em ferramentas motorizadas.
Mudanças eram constantes — rotinas redesenhadas, operadores trocados, decisões tomadas com base em lógica de produtividade.
Na teoria, tudo fazia sentido.
Mas, na prática, algo importante se perdia.
As pessoas que trabalhavam em chão de fábrica tinham vínculos com as máquinas que operavam que a gente, vendo de outra perspectiva, não enxergava.
Conheciam seus ritmos, seus atalhos, seus ruídos.
Sentiam-se responsáveis por aquele processo — não apenas por uma função, mas por algo que também construía identidade.
Toda vez que uma mudança ignorava esse vínculo, apareciam resistências silenciosas, ruídos na operação, queda no engajamento.
Era sobre comportamento e cultura — mas não era tratado como tal. Ou, ao menos, não era reconhecido como algo tão relevante.
Essa experiência mudou profundamente a forma como eu passei a ver o trabalho, a mudança e as organizações.
Um novo olhar para o que move (ou trava) as mudanças
Esse incômodo pessoal se transformou na lente que sustenta, hoje, o nosso trabalho na Uttana.
(Aliás, nem dá pra dizer que é só meu — porque a Renata também sentia o mesmo em outras vivências. Só não sabíamos, na época, que esse era o começo de um olhar profissional.)
Na Uttana, direcionamos nossa atenção para o que não aparece no fluxograma — mas impacta diretamente os resultados: os relacionamentos, os padrões informais, a forma como as decisões são interpretadas e vividas.
Ao invés de separar o racional do relacional, integramos ambos.
Porque a sustentabilidade de uma mudança depende tanto da estrutura quanto do comportamento.
Entre o plano e a prática, existe um espaço – e é ali que atuamos.
Sair do ponto A e chegar ao ponto B raramente é uma linha reta.
Entre esses dois pontos existem hábitos, emoções, interpretações, relações de poder e de pertencimento.
Existem pessoas.
É nesse espaço — entre o planejado e o vivido — que atuamos.
Tornando mais visível o que costuma ser ignorado.
E abrindo espaço para que a mudança realmente aconteça.
Quando olho pra trás, entendo:
O que parecia incomum, era apenas um outro jeito de enxergar.
Uma forma diferente — e necessária — de ver as organizações.
Se você também sente que algo não encaixa — mesmo com um plano bem estruturado — talvez o desafio esteja no espaço entre a intenção e a experiência.
É nesse espaço que o design comportamental pode fazer diferença.
Vamos conversar?
Na Uttana, ajudamos organizações a integrar estratégia, processos e comportamento — para que mudanças deixem de ser promessas e se tornem realidade.








Comentários